MEIs e MPEs do sul da Bahia são geradores de mais de 6 milhões em ISS
A dona-de-casa Maria Eugênia Sertório trabalhava na informalidade como sacoleira, em Itabuna, no sul do Estado. Apesar da insistência, o negócio nunca foi muito adiante, por causa do alto índice de inadimplência. Para complementar a renda, arranjava um tempinho na agenda para exercer outra atividade que sempre foi a sua grande paixão: a de cabeleireira. Os prejuízos acumulados com a venda de confecções de porta em porta a levaram a tomar uma difícil decisão quatro anos atrás: optar pelo fim do negócio.
A partir do ano 2010, ela se formalizou como Microempreendedora Individual (MEI) e transformou o que até então era “um bico”, uma pequena ajuda para pagar algumas contas, no seu negócio mais lucrativo. O salão de beleza que funciona na garagem da própria casa, no bairro de Fátima, passou a atender de forma mais profissional à clientela que antes só era agendada para as horas vagas.
Maria Eugênia é um exemplo bem sucedido de empreendedores e micro e pequenos empresários do sul do Estado que optaram, nos últimos anos, pelo segmento de prestação de serviço, através do Simples Nacional, e que vêm contribuindo com a geração de receita para os municípios. Segundo dados da Receita Federal, em 2013, os 26 municípios que compõem o Território Litoral Sul faturaram juntos com Imposto Sobre Serviço (ISS) o montante de R$ 6.015.000, apenas com microempreendedores formalizados. As duas maiores cidades da região – Ilhéus e Itabuna – faturaram juntas R$ 4 milhões e 970 mil em ISS.
Profissionalismo na atividade - Para se qualificar e ampliar os horizontes sobre o seu novo negócio, Maria Eugênia decidiu participar das inúmeras atividades desenvolvidas pelo Sebrae. Esteve presente em cursos de qualificação, se inscreveu em missões empresariais para conhecer experiências e projetos iguais ao seu em outros lugares do Brasil e se integrou ao Núcleo de Salões do Projeto Comércio e Serviços da entidade.
Para não repetir erros da experiência comercial anterior, aprendeu a fazer, dentre outras coisas, o controle financeiro do salão. “E estas decisões mudaram minha história. Graças ao Sebrae agora sou uma outra pessoa”, reconhece.
Lei geral e avanço - O analista do Sebrae, Michelangelo Lima, credita o crescimento ao trabalho das cidades que já conseguiram implementar a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas (MPE) e criaram, como conseqüência da ação, o Balcão do Empreendedor. “A existência da do balcão torna a prefeitura protagonista do processo de formalização”, assegura. Mas o analista faz um alerta para os gestores: “É preciso investir em capacitação das MPEs e no fomento do empreendedorismo nas escolas”.
“Hoje tenho uma empresa, crédito em banco e trabalho para, ainda este ano, profissionalizar ainda mais meu negócio”, afirma Maria Eugênia. Como mantém o salão na garagem de casa, ela quer dar “um tom” diferente ao negócio, separando definitivamente o pessoal do profissional. “Vou reformar, investir, trocar piso, comprar lavatórios e crescer ainda mais”, planeja. O acesso a estes benefícios e créditos ela tem pelo fato de estar rigorosamente em dia com a Declaração Anual de Faturamento.
O movimento aumentou tanto nos últimos tempos – “dobrou”, segundo Maria Eugênia – que hoje ela conta com a ajuda da filha, Paloma, estudante de Biomedicina na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Entre um trabalho e outro, a jovem destaca o orgulho que tem da história de luta da mãe. “Ela é uma vencedora. Basta ver tudo isso aqui”.